terça-feira, julho 31, 2007

Um instante

O que fazem os espíritos durante o dia?

Outro instante

O mundo precisa de mais cupidos.

04-08-2007 11:00

Vai demorar pra chegar.

Infinita coleção


O céu é um espaço para imaginar, um espaço para pensar, um espaço para respirar. Nos detemos observando as nuvens no céu inúmeras vezes. Inconscientemente, como uma necessidade. E nelas encontramos significados, coisas que não buscamos, mas que simplesmente encontramos. O real está no que acreditamos ver, nós construímos nossa realidade. Efêmera. Que se modifica constantemente, como as nuvens no céu.

Apresento um instante da minha realidade. Apenas um instante de uma infinita coleção.

Porto Alegre - 4 de agosto, 11h - Pátio de Arte Contemporânea da Koralle (José Bonifácio, 95)

terça-feira, julho 17, 2007

O mínimo é o máximo

Tenho que admitir que ultimamente tenho buscado fugir do caos, em todos os momentos. Procuro me deter naquilo que realmente me interessa, me instiga (o que é muito pouco comparado à infinitude do que é oferecido), sem querer absorver o máximo de informação possível (ou impossível). E quando meus olhos batem em algo que os fixa, procuro dar o tempo necessário, merecido, para que seja armazenado por completo.

Há poucos dias li no Canal Contemporâneo um texto do Agnaldo Farias sobre a obra do artista plástico João Modé. E só de ler sobre sua obra, me apaixonei. Agnaldo descreve e analisa a criação de Modé seduzindo o leitor. Perdi a noção do tempo, senti que estava completamente imersa naquele mundo criado pelo artista e apresentado pelo crítico. Percebi que há tempos um texto não me prendia assim, e que uma obra provocasse tanta curiosidade. Por esta razão, divido com vocês a minha satisfação...
João Modé

AGNALDO FARIAS

Há uma ordem quase imperceptível que rege coisas e acontecimentos díspares. Um enredo que se dá sob a forma de eventos discretos e interligados como o tilintar incessante das garrafas do caminhão de bebidas em sua rota noturna, lembra? A lista é infinita, a começar pela marcha imperturbável das formigas dentro de casa, a parede que se descasca revelando que por debaixo há ainda uma outra casca e mais outra e outra ainda, as nuvens de pó que vagam pelo chão dos ambientes, o cheiro dos jasmins do cabo, o nanquim dos cafezinhos tomados pela metade e que contrasta com a pele lisa e láctea das xicrinhas de porcelana... Fenômenos efêmeros, afeitos a invisibilidade. Serão, talvez, acontecimentos erráticos, mas se assim nos parece é porque também não nos damos conta da freqüência com que se dão. O mesmo acontece quando os designamos “misteriosos”, essa palavra genérica com a qual os enviamos para a sombra.

O problema é que sabemos pouco ou nada das coisas. Elas não nos contam seus segredos. O máximo a que se permitem, ou que logramos alcançar, é a emissão de vagos sussurros, balbucios indistintos dos quais, em nossa ânsia de apaziguamento, pensamos extrair algum sentido. O que mais há, aquilo que efetivamente conseguimos reter delas, são suas superfícies, o modo entre caótico e lacônico com que refletem ou sorvem a luz. Afora isso só nos resta quedar à tona das coisas observando-as atentamente. É esse o procedimento de João Modé, o que sua obra tem a nos ensinar. O mundo fecha-se em sua preguiça; como já disse um escritor português a propósito de livros: o mundo é uma máquina que só se põe em movimento pelo leitor/observador. Um observador ativo, já se vê, que movimenta a máquina ao passo em que se movimenta pelos trilhos da linguagem. Modé é um observador que produz obras produtoras de novos observadores. Nestes tem pos em que a sensibilidade anda ofuscada, Modé propõe o exercício de uma nova sensibilidade, situada no umbral do invisível, que acontece a partir de pequenos acontecimentos, pela celebração de encontros inesperados; situações que ele propicia, fabrica ou simplesmente apresenta à nossa atenção.

Como esses cães que o artista registrou através da janela do carro em que viajava com seu amigo, Helmut Batista, pelas estradas sinuosas e desabitadas que cortam as montanhas e atmosfera rarefeita do Peru. Transpostas e editadas num filme em preto e branco de curta duração, as imagens, feitas com o carro em movimento, acompanham o movimento de cachorros solitários, vagando às margens das estradas.

Peregrinos sem rumo aparente, dado que em nenhum dos casos havia algo junto a eles, ou nas imediações, pessoa, casa ou vilarejo, outros animais, um rebanho qualquer que justificasse suas presenças, que lhes servissem de amparo. No entanto eles seguiam só, Solos, palmilhando pelas bordas da faixa escura de asfalto, ou próxima a ela, uma forma de evitar o fluxo fluvial e espaçado dos carros, invisíveis a maior parte do tempo. Os cães variavam entre a faixa e o solo pedregoso, tornado ainda mais inóspito pela extensão , pelo modo como se esparrama em planuras de horizontes longínquos, e mais ainda quando, abruptamente, empina-se em escarpas íngremes cujos cumes rilham os céus. A câmera foi colhendo os cães sem que soubesse de onde vieram e para onde iam, efeito ampliado pela alternância calculada entre o fade-in e fade-out, um modo que o artista encontrou de retirá-los da escuridão para onde os devolvia em seguida. (...) Continuação do texto aqui.

quarta-feira, julho 04, 2007

Intervenção "Falso Apoio"

Esta figueira é uma árvore centenária, plantada pelos Irmãos Recoletos no Cemitério Recoleta em 1826, e transplantada em 1834 nesta praça em frente ao cemitério.

Com raízes aéreas que ao encontrar o solo se transformam em troncos auxiliares, ajudando a suportar seus pesados galhos e contribuindo para o alargamento de sua copa, esta figueira, de estrutura firme, enorme e imponente, igualmente necessita muletas para apoiar seus cansados braços.
Todos necessitamos apoio. Mas nem sempre os apoios nos sustentam. Assim como nem sempre os apoios são reais, verdadeiros. Os falsos apoios estão por toda parte, como armadilhas no nosso caminho. O visual e o virtual nos enganam.

Falso Apoyo

Este gomero es un árbol centenario, plantado por los Hermanos Recoletos en el Cementerio Recoleta en 1826 y trasplantado en 1834 en esta plaza, frente a él.

Con raíces aéreas que al encontrar el suelo se transforman en troncos auxiliares, ayudando a soportar sus pesadas ramas y contribuyendo así a la expansión de su copa, este fuerte gomero, de estructura firme, enorme e imponente, igualmente necesita muletas para apoyar sus cansados brazos.

Todos necesitamos apoyo. Pero no siempre los apoyos nos sustentan. Así como no siempre los apoyos son reales, verdaderos. Los falsos apoyos están por todas partes, como trampas en nuestro camino. Lo visual y lo virtual nos engañan.

False Support

This rubber fig is a centennial tree, planted by the Hermanos Recoletos in the Recoleta Cemetery in 1826 and transplanted in 1834 to the square in front of the cemetery.

The tree has aerial roots that when finding the ground become auxiliary trunks, helping to support its heavy branches and contributing to the widening of its crown. Although this strong rubber fig has a firm, enormous and imponent structure, it still needs crutches to support its tired arms.

We all need support. But the foundations we suppose are there to give us support are not always real, not always true. False grounds are everywhere, like traps in our way. The visual and the virtual ones often deceive us.