quarta-feira, maio 30, 2007

Arte para respirar ou para sufocar?

Depois de visitar a feira arteBA, em especial os trabalhos selecionados pelo Prêmio Petrobrás, me senti literalmente sufocada. E essa sensação atingiu os que me acompanhavam também. Acredito que essa não tenha sido a intenção dos artistas que produziram tais obras. Acredito que a ansiedade em querer transmitir tudo que se pensa, provocada por essa avalanche de informações que recebemos todos os dias através de e-mails encaminhados, spams, mensagens nos celulares, televisores dentro das estações do metrô, etc., é o que os fez apresentar um amontoado de obras.

Um exemplo é a obra “Pedazos de la persona que amamos”, do artista rosarino Adrián Villar Rojas (um dos 8 artistas selecionados pelo Premio Petrobrás), que apresentou uma enorme mesa de madeira com milhares de “mundinhos” sobre ela e abaixo dela. A impressão que tive foi que Adrián aproveitou a oportunidade e o espaço da feira pra expor todos os projetos de obras que desenvolveu na sua curta e muito recente trajetória como artista. Observei a obra três vezes, cada uma em um dia diferente, e mesmo assim saí com a impressão de não ter visto nada. Senti a necessidade de separar cada instante da obra, pois ela como um todo não satisfazia, não era completa, era somente uma enorme mesa atolada de coisas sem sentido. Um desperdício apresentá-la assim.



Outro exemplo é a obra “Wikipedia – Catálogo de Recursos”, do artista portenho Diego Bianchi (ganhador do segundo Prêmio Petrobrás). Uma espécie de mercadinho com prateleiras, stands, expositores, materiais recicláveis, comidas e muitos badulaques (materiais da arte contemporânea, materiais ordinários - referência à obra de Tom Friedman). Tudo muito apertadinho, mal dava pra caminhar, interagir ou contemplar. E o pior era a sujeira e o cheiro da comida que repugnavam o ambiente. Cansei!

Havia outras instalações com a mesma forma de apresentação trash (estilo que está sendo adotado por muitos artistas e galerias da Argentina - pauta para o próximo post), muita informação e pouco resultado estético, formal, e mesmo conceitual.

E é o contrário disso tudo que tento alcançar com a minha obra. Penso que o que falta e que a arte pode nos oferecer é um espaço para desacelerar, pensar, contemplar e respirar.

quarta-feira, maio 16, 2007

Prévia do arteBA

Subi aqui algumas fotos da feira antes de sua inauguração.

arteBA'07

Proyecto Nodos stand BJ 14
18 a 22 de maio / 13 a 22 hs
La Rural - Buenos Aires - Argentina

Dentro do arteBA

Há um ano atrás visitei a feira do arteBA em Buenos Aires. Me deslumbrei com o evento, o lugar e as obras lá expostas. E pensei o quanto eu teria que batalhar para um dia estar lá também. Resultou que todo o esforço e trabalho do ano passado valeram a pena.

Este ano estou expondo minhas obras em um dos stands do Barrio Joven (espaço destinado a jovens galeristas e grupos de jovens artistas) do arteBA: o Proyecto Nodos. Este grupo foi formado por artistas e galeristas de Rosário, com o interesse de apresentar obras de diversos países da América Latina, ou seja, voltei a ser artista brasileira!

A feira é uma enorme vitrine do que está sendo produzido em arte pelo mundo. Há galerias da França, Espanha, Estados Unidos, Brasil, etc. E o que eu já consegui ver só visitando o espaço ainda em montagem me pareceu realmente muito bom. Fiquei feliz e orgulhosa de estar dentro do arteBA!

O que estou expondo é uma série de penteadeiras miniaturas de tule e arame, e cada umas delas tem seu nome:

"Belleza Atrapada - Florencia", 2007, tule e arame, 40 x 8 x 40 cm.
"Belleza Atrapada - Cecilia", 2007, tule e arame, 26 x 8 x 33 cm.
"Belleza Atrapada - Elvira", 2007, tule e arame, 30 x 8 x 30 cm.
"Belleza Atrapada - Virginia", 2007, tule e arame, 20 x 8 x 30 cm.