quinta-feira, junho 28, 2007

Falso Apoio


Vou realizar uma intervenção urbana na Plaza del Pilar, praça em frente ao Cemitério da Recoleta, neste sábado (30 de junho).

Todos que estiverem em Buenos Aires estão convidados a visitar o espaço.

E aqueles que não estarão na cidade nesse final-de-semana, não se preocupem, pois vou registrar em vídeo e fotos desde a montagem da intervenção até a reação das pessoas que passarão por ali, publicando o material já na primeira segunda-feira de julho.

Me aguardem!

quarta-feira, junho 20, 2007

Amor&Arte

É muito difícil evitar que duas cabeças criadoras, que vivem debaixo do mesmo teto, que dividem mais que uma casa, se fundam. São muitos os casais de artistas que acabaram trabalhando e criando juntos. John e Yoko, Christo e Jeanne-Claude, Marina Abramovic e Ulay são alguns exemplos.

Fabiano e eu trabalhamos juntos há quase 3 anos. Começamos com pequenas coisas, revisando os textos um do outro, compartindo idéias inéditas e complexas, um completando o que faltava para terminar o trabalho do outro.

Crescemos como uma equipe (artistas, criadores, produtores, diretores, escritores e investidores) e passamos a botar a mão na massa juntos. Agora o toque final é dado pelos dois, mutuamente. Há vezes em que nem lembramos de quem partiu a idéia inicial.

Produzimos os vídeos Arte Ganha Vida e Mosquito.

E a última criação do casal foi registrada do início ao fim nesse vídeo-documento:

Amor e Arte nunca se separam!

terça-feira, junho 05, 2007

Appetite pelo trash

"O apetite é o desejo de comer alimento, fome sentida. O apetite existe em todas as formas de vida, e serve para regular a entrada adequada de energia necessária para manter o metabolismo. É regulado por uma interação próxima entre o aparelho digestivo, tecido adiposo e o cérebro. A diminuição do desejo de comida é denominada anorexia, enquanto polifagia é o aumento da vontade de comer. A desregulação do apetite contribui para a anorexia nervosa, bulimia nervosa, cachexia, comer demais, e comer até fartar-se (por desordem psicológica)." (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)

Se a intenção de nomear uma galeria de arte de “Appetite” foi a de provocar a “fome” pela arte, a vontade de “devorar” arte, “consumir” arte, eu escolho ser anoréxica.

Appetite, galeria comandada pela artista Daniela Luna, traduz com louvor o estilo trash que vem sendo adotado pelos jovens artistas na Argentina. Considerando que a utilização de materiais não convencionais na arte começou lá na arte povera (ou arte pobre) com a intenção de estreitar o espaço entre arte e vida (e muito mais que esta simples definição), isso há 40 anos atrás. Os artistas daqui têm produzido muitas obras com materiais recicláveis, da natureza (inclusive animais de verdade – vivos ou empalhados), comida, materiais mais econômicos (baratos, de má qualidade) e apresentado como lixo. Pelo menos é essa a impressão que dá.

E quem tem vontade de consumir essa arte?

Abusam do nome de grandes artistas como Tom Friedman (mencionado no post anterior), o utilizando como referência, como alguém a seguir. Mas a única conexão entre sua obra e as obras que tenho visto por aqui é a adoção destes materiais ordinários, utilizados por eles (artistas argentinos), inconscientemente ou não, com o sentido pejorativo da palavra.

Tom Friedman usa com maestria materiais como chiclete mascado, pêlos, sabonete, palito de dente, compondo objetos de arte sem aparência trash, ele os trabalha e os apresenta como obra de arte e não como lixo, se o espectador não lê a legenda não é possível saber de que material a obra é feita, e mesmo assim sua expressão está explícita. Lixo estes materiais já são por si só, e o que, então, estes artistas agregam a eles? Nada.

A galeria Appetite adota o trash como conceito para inovar e libertar a arte. Não há uma preocupação por parte da galerista, nem dos artistas de apresentar as obras* num espaço em que cada uma possa ter sua autonomia, possa ser vista como única, separada desse contexto catastrófico, criado por elas mesmas. A intervenção é forçada e imposta. E isso é possível perceber desde os espaços virtuais da galeria, passando pelos stands do arteBA, pelas salas do Estudio Abierto, até seu espaço oficial.
O sucesso está naquele que alcança criar com qualquer material e expor em qualquer espaço sem se anular. Evitando causar uma tremenda dor de barriga naqueles que estão dispostos a digerir sua arte.
*Gostaria de esclarecer que nem todas as obras destes artistas se inserem na definição de arte trash, é possível encontrar trabalhos pertinentes e consideráveis, o problema está na instabilidade que os derruba.