segunda-feira, novembro 20, 2006

Espectros – Reescrevendo o Passado

Em 2004 recebi o convite da Fundação Cultural de Criciúma para realizar uma exposição em 2005. Com tempo para pesquisar e estudar o espaço expositivo, desenvolvi o projeto “Espectros – Reescrevendo o Passado”, uma intervenção site specific em que utilizei como referência a história do prédio, onde atualmente se encontra a FCC.

Este prédio foi construído inicialmente para abrigar o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em 1945. No prédio do DNPM foi construído um laboratório para análise do carvão e galpões para o seu acondicionamento. Foi instalado também o primeiro aparelho de Raios-X de Santa Catarina, para tirar radiografias dos mineiros. Em 1962, o setor de Criciúma do DNPM foi desativado, assumindo a Comissão Executiva do Plano do Carvão Nacional – CEPCAN. Com a eclosão do golpe militar em 1964, o prédio funcionou, durante alguns meses, como cárcere a indivíduos acusados de comunismo na cidade. Em 1971, foi desativado o setor do CEPCAN em Criciúma, sendo transferido para a cidade o Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Em 1993, a Fundação Cultural de Criciúma (FCC) se apropriou da ala direita do prédio, criando o Centro Cultural Jorge Zanatta. E em 1996, todo o prédio passou a ser administrado pela FCC.

Para realizar esta exposição reproduzi alguns dos principais acontecimentos deste prédio, utilizando o tule para a produção dos objetos, somente nas cores preta e branca para remeter ao passado.

Com os objetos de tule foram reproduzidas: uma sala de escritório, contendo arquivos, mesas e cadeiras; duas salas se transformaram em prisões, com barras e camas de tule preto; outra sala apresentou uma reprodução de um aparelho de Raios-x e uma maca; e na última - local original do laboratório de análise do carvão - três grandes manchas que existem no chão, onde se encontravam balcões, avançaram no espaço tridimensional, preservando suas formas.

Está sendo realizada uma pesquisa sobre o prédio e suas atividades realizadas desde sua construção, por estudantes universitários, com o interesse de tombá-lo. O prédio ainda não foi tombado por pertencer ao poder público federal, não encontrando um responsável para responder pelo patrimônio. E, infelizmente, no decorrer dos anos, a discussão sobre sua importância histórica e necessidade de tombamento foi perdendo força. Os pesquisadores perceberam isto nas entrevistas feitas com algumas pessoas no centro da cidade, concluindo que a maioria dos habitantes reconhece a importância do prédio, mas ignora sua história e ligação com as atividades carboníferas.

A proposta desta exposição foi reacender na comunidade o interesse pelo prédio como bem cultural.

Acredito que foi a partir desta experiência que surgiu o interesse em trabalhar com os vestígios de um espaço carregado de história, com as marcas nas paredes e chão, resultado visto na mostra "Marcas que cuentan".

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Essa exposição é um dos trabalhos dessa artista que mais me emocionam.

12:56 AM  
Anonymous Anônimo said...

oi laura::::::: ficou muito bom mesmo...tudo av er com o espaço, a rosangela adorou, ela sempre fala::::......

vc viu a minha expo lá::??
beijinhos e vamos nos falando

traplev.

12:39 PM  

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