quarta-feira, setembro 26, 2007

onedotzero - 2ª edição em BsAs

Pelo segundo ano consecutivo, chega em Buenos Aires o festival de artes visuais e música onedotzero. Começa nessa sexta-feira, 28 de setembro, no espaço Centro Cultural Recoleta.
É muita gente participando e há muito pra ver. Mas pra aqueles que não terão os 3 dias (28, 29, 30/09) livres pra ver tudo, eu recomendo algumas funções:
Cine
Björk Retrospectiva: mostra dos melhores videoclips da artista. Muitos foram dirigidos pelo grande Michel Gondry, outros por Lars Von Trier...e segue nesse nível a lista dos cabeções que ela escolhe para concretizar visualmente suas canções surrealistas. São imperdíveis!
28/09 às 11h35 na sala 2 villa villa e às 20h40 na sala 1 villa villa.
29/09 às 10h e às 15h na sala 1 villa villa.
30/09 às 11h35 na sala 2 villa villa e às 15h40 na sala 1 villa villa.
Salas no Centro Cultural Recoleta. Entrada gratuita.
Conferência
Lobo: estudio de design e animação brasileiro. Apresentação das suas últimas criações em animação gráfica para comerciais e videoclipes. Única participação brasileira no festival.
30/09 às 15h no auditório Buenos Aires (Av. Pueyrredón 2501). Entrada custa $10 pesos.
Show
Andy Fletcher: membro fundador da banda Depeche Mode, apresentará seu melhor repertório como DJ.
30/09 às 22h no espaço Terraza Levi's (CCRecoleta). Entrada custa $50 pesos.
Mostras de video-arte (talentos locais como Punga, Martin Bonadeo e outros) abertas ao público no Centro Cultural Recoleta (das 10h às 21h). Entrada gratuita.
Os ingessos pra cada função podem ser comprados no Hard Rock Café da Recoleta. Pelo ticketek só se pode comprar o pacote de $50 que dá direito a assitir uma seleção de conferências e sessões de cine por dia.
Tem que se ligar pra não perder a chance. No ano passado deixamos pra comprar os ingressos na última hora e só conseguimos assistir ao United Visual Artists.

terça-feira, setembro 04, 2007

Performance Ainda é Muito Pouco

É uma ação artística que pouco se expõe e pouco se vê ao vivo (mais em formato de vídeo). E quando se vê, é pouco prestigiada, pouco compreensível e pouco satisfatória.

Eu mesma, que freqüento com certa assiduidade a exposições de qualquer tipo de arte, vejo e aprecio muito pouco.

Mas nos últimos dois meses, coincidentemente, pude assistir a três performances em Buenos Aires. Aqui um breve relato do que vi e do que achei de cada uma:

El cuerpo efímero: una muerte de lujo de Diana Raznovich

Entrei numa sala fechada, era como um corredor largo cheio de cadeiras posicionadas uma de costas para outra e distribuídas em pequenos grupos. Me pediram para sentar. Uma mulher bem gorda com um microfone tipo “Madonna” começou a caminhar entre as cadeiras e a narrar sua história de “gorda desesperada por emagrecer, que se submeteu a todos os tipos de cirurgia, mesmo as ilegais, para se enquadrar no modelo de beleza atual”. O texto era o mais manjado, batido possível. E enquanto ela gritava, suava e descrevia todas as situações que tinha passado, desde o momento de assinar os papéis de autorização das cirurgias de risco, até a humilhação de ter que se despir e ouvir dos médicos o que tinha de errado no seu corpo, ela pendurava nas paredes da sala quadros com caricaturas de mulheres e frases do tipo “As tetas me custaram 9000 dólares; levantar a bunda 6000 dólares e o esvaziamento de cérebro foi um presente da produção”. Foi uma perda de tempo ter assistido do início ao fim. Eu acreditei que algo de extraordinário poderia acontecer ou ser dito pela atriz (contratada pela artista) a qualquer momento. Igual quando insistimos em continuar assistindo a um filme ruim na esperança de um final salvador.

Tire-Empuje de Maria Paula Doberti e Virginia Corda

Uma sala grande e aberta, com muitos cartazes nas paredes explicando o conceito da obra e orientando o espectador com instruções de como participar da performance, assim como banners com imagens de prédios governamentais de Buenos Aires pendurados no teto formando um corredor no meio da sala. A obra consistia em usar as palavras “tire” (puxe) e “empuje” (empurre) com conotação política. Adesivos com essas duas palavras estavam à disposição do espectador para que este escolhesse a ação de sua preferência para logo colar numa ou mais imagens. Ao lado de cada banner tinha a história do prédio, o que ele representava na sociedade Argentina, dando informações necessárias para o espectador escolher o que fazer com cada imagem. Eu escolhi “empurrar” a Catedral. O prédio mais procurado, com mais adesivos colados, era a Casa Rosada. Quase não se enxergava mais a imagem. E no final dessa ação divertida, o espectador assistia ao final da performance realizada por um ator profissional que entrava na sala com uma maleta, a abria em frente a uma tela de projeção, tirava de dentro uns cones de trânsito posicionando eles como uma barreira para o espectador não se aproximar, vestia um macacão branco e, literalmente, entrava dentro da tela de projeção por uma fissura na vertical. Então, começava a projeção das imagens dos prédios escolhidos pra serem “puxados” ou “empurrados”, e o ator, atrás da tela, empurrava e puxava o pano em pontos estratégicos das imagens, Ex: “puxou” a entrada do Ministério da Economia da Argentina e “empurrou” a sacada da Casa Rosada. Esta performance, apesar de eu ter achado didática demais, tava muito bem pensada e bem apresentada.

Vestido de Luján Funes

Cheguei às 18h15 na Galeria El Borde e a porta estava fechada. Já tinha mais de 15 pessoas aguardando para entrar e ver a performance que estava marcada para as 18hs pontualmente, como salientou a artista no convite virtual. Esperamos mais uns 15 minutos e abriram a porta para que todos entrassem. Já lá dentro, era possível ver uma movimentação no mezanino da galeria, mulheres estavam sendo maquiadas, havia fotógrafos e câmeras por todos os lados com seus flashes e um violinista se preparando para começar a tocar. O público aguardou por mais uma meia hora, no mínimo, até começar a performance. O cenário era uma mesa de casamento, com um bolo de noiva bem merengado, taças de champanhe, muitos arranjos de flores e um espelho enorme pendurado numa das paredes. Assim que o violinista começou a tocar a marcha nupcial e as mulheres vestidas de noiva desceram, uma por uma, por uma escada. E enquanto desciam, eram bombardeadas por flashes, posavam para as fotos e seguiam até a mesa com o bolo. E assim foi até descer a última e 12ª noiva. Agrupadas, ficaram se olhando umas as outras, comparando seus vestidos e buquês, se elogiando e rindo. Abriram o champanhe, todas brindaram e, então, dançaram uma valsa entre elas. Foi uma verdadeira festa. E os noivos? Não estavam presentes. Aquele dia era só delas. Na visão da artista o dia do casamento é o dia da noiva e de mais ninguém. É quando ela se sente uma princesa, deve ser a moça mais linda da festa, o centro das atenções. O noivo é só um acessório, e a festa uma desculpa para ela estar ali, linda e maravilhosa! Mas um dado indispensável da obra não estava ao alcance do público: as doze mulheres nunca se casaram e não querem se casar. Ou seja, todo o ritual pelo qual elas passaram foi de uma emoção muito grande, um confronto com elas mesmas. Algumas choraram, contou a artista. Mas sem este dado, a performance não tem a mesma força, pois não passa de uma encenação de um casamento em que os noivos foram descartados.

Ficarei atenta a mais performances, me preparando para ser surpreendida.