Depois de visitar a feira arteBA, em especial os trabalhos selecionados pelo
Prêmio Petrobrás, me senti literalmente sufocada. E essa sensação atingiu os que me acompanhavam também. Acredito que essa não tenha sido a intenção dos artistas que produziram tais obras. Acredito que a ansiedade em querer transmitir tudo que se pensa, provocada por essa avalanche de informações que recebemos todos os dias através de e-mails encaminhados, spams, mensagens nos celulares, televisores dentro das estações do metrô, etc., é o que os fez apresentar um amontoado de obras.
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Um exemplo é a obra “Pedazos de la persona que amamos”, do artista rosarino Adrián Villar Rojas (um dos 8 artistas selecionados pelo Premio Petrobrás), que apresentou uma enorme mesa de madeira com milhares de “mundinhos” sobre ela e abaixo dela. A impressão que tive foi que Adrián aproveitou a oportunidade e o espaço da feira pra expor todos os projetos de obras que desenvolveu na sua curta e muito recente trajetória como artista. Observei a obra três vezes, cada uma em um dia diferente, e mesmo assim saí com a impressão de não ter visto nada. Senti a necessidade de separar cada instante da obra, pois ela como um todo não satisfazia, não era completa, era somente uma enorme mesa atolada de coisas sem sentido. Um desperdício apresentá-la assim.
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Outro exemplo é a obra “Wikipedia – Catálogo de Recursos”, do artista portenho Diego Bianchi
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(ganhador do segundo Prêmio Petrobrás). Uma espécie de mercadinho com prateleiras, stands, expositores, materiais recicláveis, comidas e muitos badulaques (materiais da arte contemporânea, materiais ordinários - referência à obra de
Tom Friedman). Tudo muito apertadinho, mal dava pra caminhar, interagir ou contemplar. E o pior era a sujeira e o cheiro da comida que repugnavam o ambiente. Cansei!
Havia outras instalações com a mesma forma de apresentação
trash (estilo que está sendo adotado por muitos artistas e galerias da Argentina - pauta para o próximo post), muita informação e pouco resultado estético, formal, e mesmo conceitual.
E é o contrário disso tudo que tento alcançar com a
minha obra. Penso que o que falta e que a arte pode nos oferecer é um espaço para desacelerar, pensar, contemplar e respirar.